XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ESOFAGITE EOSINOFILICA COM ESTENOSE RESPONSIVA A TERAPIA DIETÉTICA E FARMACOLÓGICA: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

G.L.G, 30 anos, masculino, com queixa de epigastralgia há 5 meses. História positiva para rinite alérgica, alergia a corante amarelo e leite quando bebê, porém fazendo uso de laticínios desde a adolescência. Endoscopia Digestiva Alta (EDA) apresentou esôfago com mucosa edemaciada, aspecto de traqueização e área de estenose em terço médio, impedindo a progressão do aparelho. A biópsia evidenciou presença de mais de 24 eosinófilos/campo, confirmando o diagnóstico de esofagite eosinofílica (EoE). Questionado se apresentava sintomas de disfunção esofágica, o mesmo refere que procurou atendimento médico na infância devido a impactação alimentar e dificuldade de engolir comprimidos. Na ocasião, recebeu o diagnóstico de gastrite, e com o passar do tempo se habituou aos sintomas e seus familiares referiam que era apenas “frescura”. Iniciado dieta de exclusão de leite e derivados, uso de 2 puffs de fluticasona deglutida na dose 1000µg/dia, associado a Esomeprazol 80mg/dia. Após 5 meses de tratamento, paciente sem disfagia com melhora na deglutição de comprimidos e resolução quase completa da rinite alérgica, nova EDA apresentou esôfago com aspecto de traqueização, sem estenose e com fácil progressão do aparelho. Biópsias sem presença de eosinófilos. Atualmente assintomático, mantém dieta de exclusão de leite e sem medicação desde 2016. A EDA atual apresenta discreto aspecto de traqueização e leves fissuras longitudinais, histopatológico evidenciou 1 eosinófilo/campo em esôfago médio e 4 eosinófilos/campo em esôfago distal.

Discussão

A EoE só foi reconhecida como entidade clínica há algumas décadas, atualmente definida como enfermidade crônica e imunologicamente mediada do esôfago, caracterizada por manifestações de disfunção esofagiana e histologicamente pela presença de 15 ou mais eosinófilos/campo. Sua prevalência vem aumentando significativamente e as manifestações clinicas são muito variadas, desde sintomas de DRGE, vômitos, disfagia e impactação alimentar até relatos de perfuração esofágica. Alterações endoscópicas incluem mucosa em “papel crepe”, traqueização esofágica, estrias lineares, lacerações, exsudados puntiformes esbranquiçados e estenose. O tratamento inclui desde restrição alimentar, terapêutica farmacológica e dilatação esofágica.

Comentários finais

Considerando a morbidade associada a evolução da doença que leva a disfunção esofagiana e impacto na qualidade de vida desses pacientes, é de extrema importância seu reconhecimento clinico, diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Verônica Pereira Dias, Paulo Roberto Dias, Isabel Pinto Stanziola