Dados do Trabalho

Título

Preenchimento labial como desencadeante da primeira crise de Angioedema Hereditário

Resumo

Introdução: o Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença genética rara que cursa com crises de edema, especialmente no subcutâneo e mucosas. As crises são espontâneas ou desencadeadas por estresse, trauma, infecções, uso de algumas classes de medicamentos e procedimentos invasivos. Procedimentos estéticos invasivos, como o preenchimento labial, têm se tornado populares. Esse procedimento envolve o uso de agulha ou cânula para injetar preenchedor nos lábios, visando aumentar o volume, delinear o contorno ou projetá-los. Efeitos colaterais comuns incluem vermelhidão, edema leve e dor, mas eventos mais graves, como infecções e complicações vasculares, também podem ocorrer.
Relato de Caso: feminino, 24 anos, diagnosticada em 2019 com AEH por variante no gene F12 (c983>A em heterozigose – p.Thr328Lys), sem histórico de crises. O diagnóstico foi feito após triagem familiar, motivada pelo diagnóstico prévio de sua irmã. Recebeu orientações sobre a doença e desencadeantes de crises. Entretanto, era assintomática e não retornou para acompanhamento regular. Em novembro de 2023, apresentou edema nos lábios e na face uma hora após preenchimento labial com ácido hialurônico. Inicialmente, associou o edema ao preenchimento, mas devido piora do quadro, contatou a equipe médica sendo orientada a buscar a emergência. Foi tratada com icatibanto, com melhora significativa do edema. Desde então está assintomática.
Discussão: a triagem familiar é fundamental no AEH, inclusive em assintomáticos, pois permite a prevenção precoce. A vigilância e o cuidado multidisciplinar são essenciais no manejo de pacientes com AEH em procedimentos que podem desencadear crises. A identificação de pacientes de risco, por meio de anamnese detalhada, é crucial para a implementação de medidas preventivas, como a profilaxia de curto prazo. O AEH deve ser considerado como diagnóstico diferencial de angioedema após procedimento estético, mesmo em pacientes sem histórico prévio de crises, como ilustrado neste caso.